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Políticas Públicas de Cultura

Atualizado: 21 de mar. de 2020

Políticas públicas podem ser caracterizadas como programas e ações

sistemáticas e planejadas em relação às demandas públicas. É por meio delas

que os governos traduzem seus propósitos e operacionalizam projetos que

resultarão em mudanças desejadas no mundo real. A ideia de política pública

pressupõe que existam determinados domínios da atividade humana nos quais

é preciso ocorrer a intervenção governamental, com o objetivo de garantir o

bem comum.

No campo da cultura, esse planejamento deve levar em conta o fato que

o Brasil apresenta uma das maiores diversidades culturais do planeta.

Concretamente, isso se traduz como um grande desafio. É necessário planejar,

implantar e acompanhar ações que estejam em consonância com os direitos de

cidadania universais e que respeitem e valorizem as várias identidades

culturais características dos vários grupos formadores da nação, como bem

determina a Constituição Federal. Contudo, isso se torna ainda mais complexo,

tendo em vista que, historicamente, há uma visão limitada por parte do poder

público sobre o conceito de cultura, que é, normalmente, associada ao

acontecimento episódico, ao evento.

No âmbito da gestão das cidades, observamos a cultura sempre em

segundo plano, geralmente, considerada menos importante ou menos

estratégica para o desenvolvimento do município. Não raro, encontramos um

ou dois funcionários apenas, cuidando da organização de eventos, fazendo a

gestão de museus e casas da cultura sem os recursos mínimos e disputando

verbas orçamentárias com outros setores, também pouco valorizados, como o

esporte e o lazer.

A questão é que não investir em cultura significa, em longo prazo,

sacrificar a formação da população e afrouxar os laços de pertencimento que

unem o cidadão ao seu município. Enquanto a política envolve a difícil tarefa de

estabelecer o diálogo com e entre as estruturas de poder, a cultura implica a

criatividade para a solução de problemas, o desafio do novo e a impulsão para

a ressignificação do ambiente, contribuindo para a transformação positiva tanto

do cidadão como da cidade.

Entender gestão pública como o cuidado com o que é exclusivamente

funcional e quantitativo significa abrir mão do direito à beleza, da aisthesis,

vocábulo grego que significa a faculdade de sentir e originou a palavra estética.

É justamente a estética que emociona, auxiliando na produção de laços,

fazendo com que as pessoas sintam-se juntas a alguma coisa.

Por tudo isso, se os processos de gestão em áreas como saúde,

infraestrutura e educação exigem diretrizes, planejamento, execução e

avaliação de resultados, com a cultura não pode ser diferente. É preciso ter

coerência entre objetivos propostos e multiplicidade de efeitos que se busca.

Em outras palavras, as políticas públicas de cultura devem estabelecer um

nexo entre o que dizem que pretendem fazer e as ações que realmente

colocam em prática.

Lilian Rosa

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