A importância de identificar e reconhecer as referências culturais das localidades para que sirvam como base para políticas públicas municipais é um tema importante para a construção de Cidade Humanas. A questão se torna relevante a partir da promulgação da Constituição de 1988, que alçou os municípios à categoria de ente federativo, ampliando sua autonomia. A partir de então, os gestores das cidades enfrentam os desafios de planejar políticas que sejam representativas da diversidade cultural que caracteriza a formação da nação brasileira e, ao mesmo tempo, que estejam alinhadas a um contexto globalizado, que encaminha as localidades para a necessidade de internacionalização.
As referências culturais são elementos particularmente importantes para os grupos sociais, aos quais cada membro de uma comunidade de algum modo se identifica, relacionando- os a uma representação coletiva. Relaciona-se à diversidade cultural, como também aos sentidos e valores atribuídos pelos diferentes sujeitos e práticas sociais.
Nesse caminho, pensar políticas públicas com base no lugar e em suas referências culturais contribuí para uma abordagem humanizada das mais distintas esferas da vida social, da construção de moradias à difusão da cultura. Isso significa observar a cultura local, como, também, encarar o desafio de ampliar a participação e o controle da administração pública pelos cidadãos a partir da escuta qualificada de suas percepções sobre o lugar onde vivem, sobre a cidade e as políticas públicas.
Outro aspecto relevante a ser considerado é a cultura local como matéria-prima para geração de trabalho e renda e para a cooperação regional e internacional. Com o agravamento das desigualdades entre os municípios, tornou-se um desafio para a gestão pública municipal capacitar-se para exercer sua autonomia, por meio do aprendizado político e da busca de ferramentas que lhes possibilitem identificar suas singularidades, gerando condições para a melhoria da qualidade de vida a partir da sua identidade.
Para discutir alguns destes aspectos, Lilian Rodrigues de Oliveira Rosa, pesquisadora e gestora, Adriana Silva, educomunicadora, e Helena Rosa, internacionalista, reuniram suas experiências e estudos e publicaram o texto Gestão de Cidades com base nas referências culturais, capítulo 8 do livro Fenomenologia e cultura: identidades e representações socais 3, organizado por Denise Pereira e Maristela Carneiro.
O texto aborda o contexto no qual se insere o tema, bem como os conceitos de política pública, desenvolvimento/ envolvimento e referências culturais. Além disto, apresenta uma proposta de diretrizes para diagnóstico de referências culturais nos municípios, baseada nas reflexões teóricas e práticas de campo empreendidas pelo grupo de pesquisa do Instituto Paulista de Cidades Criativas e Identidades Culturais (IPCCIC).
Para saber mais: Fenomenologia e cultura: identidades e representações socais 3,
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